É bastante comum ouvir mulher casada ou comprometida dizendo por aí que "viajou sozinha" quando na verdade viajou acompanhada de um grupo de amigas. Cada tipo de viagem tem suas vantagens e desvantagens e cada pessoa pode ter a sua preferência. Muita gente também não tem um jeito preferido de viajar e cada vez viaja de um jeito diferente (ou essa escolha é feita de acordo com as circunstâncias do momento). Todas essas experiências são válidas.
Mas confundir viagem sem a companhia de um homem com viagem sozinha é um desserviço às mulheres que querem realmente viajar sozinhas e um reforço ao machismo estrutural. Por que a companhia da sua amiga não é o suficiente para ser considerada companhia?
A primeira vez que pensei sobre esse assunto foi em 2016, com aquele episódio trágico de 2 turistas argentinas viajando juntas que foram assassinadas no Equador e uma parte considerável da imprensa mundial culpou as 2 viajantes por estarem viajando sem a companhia de alguém do sexo masculino . A companhia de uma não seria o suficiente para ser considerada companhia para a outra, de acordo com esses jornais/revistas/sites. Ninguém parou para pensar que mesmo se uma delas estivesse viajando completamente sozinha, mereceria o mesmo respeito do que um grupo de 40 idosos de 70 anos viajando em excursão...
"Todo ano viajo sozinha com uma amiga." Então vc não viaja sozinha, né? Vcs viajam juntas! Até entendo o ponto, mas incomoda pq tem algo bem errado qdo msm juntas consideram q estamos sós (sem homem). É o tipo de machismo q + precisamos combater, tão enraizado q muitas nem notam.— Mariana (@marianaviaja) 28 de maio de 2019
Veja aqui todas as dicas sobre viajar sozinha no blog:
Como solteira, só posso imaginar como cada parte de um casal também precisa ter um tempo sem o companheiro, mas para mim fica a impressão que esse "companheirismo" virou uma amarra ou uma prisão, já que uma das partes precisa afirmar que estar sem a outra parte é liberdade. Ninguém nasceu grudado em ninguém (exceto alguns poucos gêmeos siameses) então ninguém precisa ficar grudado em ninguém para o resto da vida. Sempre é bom cada um ter sua individualidade e se vocês não estiverem acreditando em mim que isso é possível e precisarem de exemplos, sigam a Paula (@nomundodapaula) e a Ana Grassi, que são casadas e viajam frequentemente sozinhas (a Ana inclusive tem 4 filhos ainda crianças/adolescentes, que ficam com o pai durante essas viagens).
Não sei se está claro para a maior parte das pessoas, mas a magia de viajar sozinha está em grande parte na liberdade de se fazer o que quiser na hora e do jeito que quiser sem as amarras que temos na companhia de outros, mudar de ideia de última hora sem conversas e discussões, levando somente a sua própria vontade em conta, se sentir empoderada quando resolve algum perrengue de viagem sem precisar da ajuda de mais ninguém, poder escolher se vai fazer alguma amizade no hostel ou se vai perambular pela cidade sem abrir a boca o dia inteiro etc.
No lado negativo, temos os olhares esquisitos, o assédio, as perguntas absurdas de "mas você tem namorado?" ou "seu marido te deixou viajar sem ele?", que até podem acontecer com um grupo de amigas viajando juntas, mas é muito mais comum para viajantes solo.
Esse texto não tem uma conclusão, mas vamos parar para pensar antes de sair confundindo as coisas? E repito a pergunta - por que a companhia da sua amiga não é o suficiente para ser considerada companhia?
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