Quando falamos em Segunda Guerra Mundial, na maioria das vezes pensamos nos campos de concentração, nas mortes, nos guetos e no extermínio dos judeus, no louco do Hitler ou até nas consequências históricas (por exemplo Guerra Fria e corrida espacial entre EUA e URSS) . Muita gente se pergunta como que o povo alemão concordou com aquilo tudo e deixou chegar ao ponto onde chegou. Claro que muita gente concordou e trabalhou para que tudo isso virasse realidade. Muitos fizeram vista grossa. Mas teve uma outra parcela que muita gente esquece de alemães (e outros povos) que resistiram e lutaram contra toda a sandice do nazismo.
No post de hoje, vou falar sobre duas iniciativas de resistência contra o nazismo e dois memoriais imperdíveis sobre o assunto, um em Berlim e o outro em Munique. E os dois locais são grátis - não tem desculpa para não visitar!
Vejam aqui todas as dicas de Berlim, aqui as dicas de Munique e aqui as dicas da Alemanha toda no blog!
Gedenkstätte Deutscher Widerstand - Memorial da Resistência Alemã (Berlim)
Localizado no Bendler Block (no bairro de Mitte, perto do Tiergarten), o memorial com entrada grátis conta com uma exposição permanente e espaço para exposições temporárias sobre a resistência alemã ao nazismo. É um importante centro de pesquisa sobre o assunto, com extensa informação escrita, vídeos e áudios - em inglês e alemão. Tem audioguide grátis em espanhol, mas se você souber inglês fica menos cansativo.
Alguns dos indivíduos e grupos que lutaram contra os nazistas com os meios que tinham entre 1933 e 1945. |
A exposição mostra como funcionava a resistência do movimento dos trabalhadores, dos religiosos, de artistas e intelectuais, dos jovens, de judeus e outros grupos. Conta sobre o atentado de 1939, o atentado de 1944 (mais famoso), grupos de resistência como o Rosa Branca e o Orquestra Vermelha e sobre o exílio.
A foto de cima à direita é de um dos mais famosos resistentes contra o nazismo - Oskar Schindler e sua esposa. |
O complexo Bendler Bock abrigava o alto comando do exército nos anos 40 e a rua da frente passou a se chamar "Stauffenbergstrasse" em homenagem a Claus Stauffenberg (Tom Cruise, no filme Operação Valkíria - quem lembra?). O pátio foi reconstruído como um memorial aos oficiais que foram executados ali em 20/julho/1944 após a tentativa fracassada de golpe.
Recomendo também a visita ao campo de concentração Sachsenhausen nos arredores de Berlim e ao campo de concentração em Dachau, nos arredores de Munique, mas se prepare antes com lista de livros (e filmes) sobre o holocausto e campos de concentração. O Memorial da Resistência Alemã é uma ótima opção de passeio quando está chovendo em Berlim.
Recomendo também a visita ao campo de concentração Sachsenhausen nos arredores de Berlim e ao campo de concentração em Dachau, nos arredores de Munique, mas se prepare antes com lista de livros (e filmes) sobre o holocausto e campos de concentração. O Memorial da Resistência Alemã é uma ótima opção de passeio quando está chovendo em Berlim.
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Operação Valkíria
Para quem curte filmes baseados em fatos reais, históricos e de guerra, recomendo o filme Operação Valquíria, com Tom Cruise como o coronel Claus Stauffenberg, um dos líderes do atentado contra Hitler em 1944, que é extensamente explicado no Memorial da Resistência Alemã acima. Leia mais sobre o plano, que planejava o fim do governo de Hitler e da Segunda Guerra Mundial aqui.
Quer conhecer/ver mais sobre a Segunda Guerra Mundial? Visite o Museu Histórico Alemão (Deutsches Historisches Museum) em Berlim, o Museu Judaico e o Memorial do Holocausto em Berlim, a Topografia do Terror também em Berlim e o Museu da Segunda Guerra em Gdansk (Polônia), cidade onde a guerra começou.
Sozinho em Berlim
Outro filme lançado não muito tempo atrás é o "Sozinho em Berlim", em que um casal desiludido com os rumos da guerra começa a espalhar cartões por Berlim, dizendo a verdade sobre o nazismo em 1940. Baseado no livro "Morrer sozinho em Berlim".
Weisse Rose Stiftung (Munique) e grupo Rosa Branca
O grupo Rosa Branca (Weisse Rose em alemão) foi um grupo de resistência contra o nazismo formado majoritariamente por estudantes da Universidade Ludwig Maximilian em Munique e que distribuía panfletos para alertar a população sobre o verdadeiro rumo da Segunda Guerra Mundial, do partido nazista e outras situações da época - as fakes news já circulavam amplamente.
Segundo o livro "A Rosa Branca", escrito pela irmã de dois dos integrantes do grupo, "o círculo da Rosa Branca em Munique tinha o objetivo de gerar uma crescente conscientização pública acerca do verdadeiro caráter do nacional-socialismo e da situação concreta para a qual o regime havia conduzido a Alemanha e a Europa. Eles queriam difundir a ideia de resistência pacífica nos mais diversos âmbitos sociais."
Segundo o livro "A Rosa Branca", escrito pela irmã de dois dos integrantes do grupo, "o círculo da Rosa Branca em Munique tinha o objetivo de gerar uma crescente conscientização pública acerca do verdadeiro caráter do nacional-socialismo e da situação concreta para a qual o regime havia conduzido a Alemanha e a Europa. Eles queriam difundir a ideia de resistência pacífica nos mais diversos âmbitos sociais."
No centro de Munique fica o parque mais famoso da cidade, o Englischer Garten - não perca!
Ainda no livro "A Rosa Branca" temos um artigo escrito por Rainer Hudeman em 2013 chamado "A Rosa Branca no contexto da resistência alemã durante o Terceiro Reich" e o autor diz que "nas décadas que se seguiram à guerra, foram revelados muitos outros detalhes da resistência, já que as pesquisas sobre o "Terceiro Reich" descobriram e exploraram cada vez mais novos aspectos e campos de estudo. Por um lado, a extensão, a motivação e a as estruturas de apoio ao regime foram estudadas de maneira mais diferenciada e aprofundada. Por outro lado, evidenciaram-se outras formas de comportamento que podem ser incluídas no vasto campo da resistência. No âmbito mais estritamente individual, isso abrange atos de sabotagem feitos por trabalhadores alemães e estrangeiros, círculos de discussão das mais diversas tendências, como a primeira fase da Rosa Branca, a distribuição de panfletos, a organização de resistência nos campos de concentração, a oferta de esconderijos a judeus e a outras pessoas perseguidas ou a saudação explícita a cidadãos judeus em público, o que era proibido...
Nos anos do pós-guerra, a prioridade da Alemanha era a reconstrução material e política, o retorno às tradições democráticas da história alemã, contrariamente à visão, bastante difundida fora da Alemanha, de que o nacional-socialismo teria sido a expressão da própria "alma alemã", consequência de uma mentalidade de obediência servil aos dirigentes que seriam parte do "caráter do povo alemão". Alguns políticos, cientistas e professore de cursos oferecidos para soldados nas zonas de ocupação dos aliados chegaram a identificar as raízes desse fenômeno até mesmo nos escritos de Lutero e atribuíam essa atitude ao militarismo e imperialismo - supostamente inato - dos alemães. Até hoje é possível ouvir ou ler tais interpretações, cujas origens remontam à psicologia antropológica do século XIX".
Nos anos do pós-guerra, a prioridade da Alemanha era a reconstrução material e política, o retorno às tradições democráticas da história alemã, contrariamente à visão, bastante difundida fora da Alemanha, de que o nacional-socialismo teria sido a expressão da própria "alma alemã", consequência de uma mentalidade de obediência servil aos dirigentes que seriam parte do "caráter do povo alemão". Alguns políticos, cientistas e professore de cursos oferecidos para soldados nas zonas de ocupação dos aliados chegaram a identificar as raízes desse fenômeno até mesmo nos escritos de Lutero e atribuíam essa atitude ao militarismo e imperialismo - supostamente inato - dos alemães. Até hoje é possível ouvir ou ler tais interpretações, cujas origens remontam à psicologia antropológica do século XIX".
Muitas fotos, depoimentos em vídeo e documentos sobre o grupo, os panfletos e consequências |
Praça em frente à Universidade Ludwig Maximilian |
Recomendo este Tour da resistência durante o nazismo em Munique, passando pelo Memorial Rosa Branca - walking tour em espanhol.
Leia mais:
Depois de voltar para a cidade pela 3a vez em 2019, fiz um post com dicas de onde comer em Munique, incluindo dicas de moradores locais! E aqui, uma dezena de dicas de vistas panorâmicas em Munique! Veja aqui dicas de onde se hospedar em Munique - várias opções de hostels e hotéis testados por amigos e parentes!
Filmes e livros sobre a resistência contra o nazismo
Enquanto para a maioria das pessoas toda essa história de nazismo parece uma loucura sem sentido, ainda existe uma parcela de pessoas que não entendeu o recado - vide os movimentos neonazistas ou a negação do holocausto... Se até o governo alemão e os alemães fazem questão de manter memoriais sobre esses assuntos para que as futuras gerações não repitam os erros do passado, obviamente que em um blog que fala muito sobre turismo na Alemanha, é "obrigatório" ter posts contra movimentos similares que estão surgindo/se fortalecendo em pleno século XXI.
Para quem quer aprender mais sobre o assunto em filmes, recomendo os seguintes posts: Top 10 filmes para entender o holocausto, Filmes sobre o nazismo e a Segunda Guerra, filmes que retratam a história da Alemanha e sobre o filme "Sozinhos em Berlim". Para quem preferir ler livros, recomendo abaixo:
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Fer, não acredito que passei em frente à Universidade Ludwig Maximilian e não visitei esse memorial. Tinha que ter lido seu post há uns 7 anos..kkk! Muito bom, adorei conhecer um pouco mais desse assunto!
ResponderExcluirkkkk e eu só fui descobrir na minha 3a vez na cidade... Isso que dá não existirem blogs bons sobre Munique 15 anos atrás hehehe
Excluirquem dera a operação valquiria tivesse dado certo, com ctz teria salvado muitas vidas...melhor seria se não tivessem botado ele no poder né, mas erros do passado
ExcluirPois eh... to lendo um livro sobre a História da Alemanha e estou justamente na parte sobre como Hitler chegou ao poder. A situação econômica, desemprego etc naquela época por lá é assustadoramente parecida com o Brasil atual.
ExcluirBoa partilha. Esquecer a história e os seus horrores é abrir a porta para que esta regresse. Nunca aí estive, mas parece-me bem interessante.
ResponderExcluirBastante interessante! Concordo plenamente!
ExcluirEstive 2 vezes em Munique e não sabia sobre o memorial! Acho importantíssimo visitar esses lugares quando há oportunidade - estive em Dachau há quase 15 anos e até hoje me lembro do impacto que me causou - pois é preciso se lembrar desses horrores para que não se repitam jamais.
ResponderExcluirMesmo caso q eu hahahha só conheci na minha 3a vez na cidade - não é muito divulgado mesmo infelizmente.
ExcluirSem palavras!Excelente post, vou guardar, porque quero muito ir.
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirSempre me interessei sobre tudo relacionado a esse período da história, já li vários livros, visitei alguns lugares, mas não sabia desse memorial. Com certeza vou querer visitar.
ResponderExcluirVai sim! Vc é louca pela Alemanha que nem eu tb? rs
ExcluirMuito importante conhecer estes lugares e manter a história viva, mesmo que seja para que não se repita. Ser resistência ao nazismo não foi, certamente fácil. Interessantíssimos lugares. Ótimo post com ótimas informações!
ResponderExcluirObrigada! A parte difícil da resistência é bastante mostrada no memorial! Adorei!
ExcluirQue post útil! Seguramente quero conhecer tais atrativos tão importantes quando estiver por estas bandas! Muito necessários nos dias atuais! Adorei o post!
ResponderExcluirExtremamente necessário, né? Obrigada:)
ExcluirEsse memorial a resistência deve ter uma energia forte. O que tu achou?
ResponderExcluirSim! Mas não tão forte como um campo de concentração...
ExcluirNossa Fernanda, eu não sabia desses lugares. Gostei muito do seu post e de saber um pouco da história dessas pessoas
ResponderExcluirObrigada! Por isso acho sempre necessário divulgar!
ExcluirMuito interessante esse memorial, são coisas que precisam ser mostradas para conscientizar o mundo do que aconteceu.
ResponderExcluirExatamente!
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