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sábado, 12 de fevereiro de 2022

Polônia - uma Europa diferente

Quer viajar para a Europa, mas está cansado das mesmas cidades cheias de turistas? A minha dica é conhecer a surpreendente Polônia, com arquitetura de babar, muita história, gente simpática e culinária interessante!


Polônia - uma Europa diferente
Wroclaw


Polônia - uma Europa diferente
capa da revista Check it (dez 2021/jan 2022), onde saiu o meu artigo


Em 2020, conheci a editora de uma revista de Campinas (cidade onde moro) e ela me convidou para escrever um texto sobre a Polônia! Por conta da pandemia, tudo foi adiado e ela até já saiu da revista, mas uma parte do meu texto foi publicada no final de 2021! Eles escolheram focar na cidade mais conhecida da Polônia - Cracóvia - mas no post de hoje, vocês podem ler o texto completo (quem assina a newsletter do blog já leu em primeira mão um tempo atrás)!!! Clique aqui para ler o texto que saiu impresso na revista Check it. Para ler dicas complementares sobre a Polônia, clique nos links abaixo para abrir diversos posts no blog, mas ainda faltam muitas dicas que pretendo postar em 2022!







Depois de dois meses por Alemanha e República Tcheca, cheguei à Polônia de ônibus por Cracóvia. Uma semana na antiga capital polonesa foi suficiente para começar a entender o povo polonês, revisitar várias histórias sobre a Segunda Guerra Mundial e experimentar as primeiras comidas típicas (Pączki, o sonho polonês recheado com geleia de rosas tradicionalmente, o Obwarzanek que é uma espécie de bagel e claro o sempre presente Pierogi, uma massa recheada estilo um ravióli que é o maior representante da culinária polonesa).


Polônia - uma Europa diferente - Cracóvia
Na praça do mercado





Além de me encantar pela gigante praça do mercado, as atrações da região e as ruas do centro, fiz um walking tour pelo antigo bairro judeu (com temas que foram de Helena Rubinstein a Oskar Schindler) e caminhei pelo castelo de Wawel procurando o dragão legendário – só encontrei a estátua que cospe fogo de tempos em tempos do lado de fora do castelo, mas ela estava desligada no dia que fui. Tudo isso me sentindo muito segura, andando à noite sozinha pelo parque que circula o centro histórico. O principal motivo que me levou à Polônia foi mesmo visitar o campo de concentração Auschwitz-Birkenau, uma visita difícil, mas necessária porque só entendendo o passado não corremos o risco de repeti-lo.


Polônia - uma Europa diferente



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Como apaixonada por História, essa seria a minha terceira vez em um campo de concentração, que são basicamente iguais, mas sempre é uma angústia diferente. É um passeio mais complicado de chegar e contratei um tour guiado com a empresa See Krakow no dia anterior no centro de Cracóvia. Contratei também com a mesma empresa o tour de meio dia à impressionante mina de sal Wieliczka, um dos patrimônios mundiais pela UNESCO na Polônia O tour de 3h pela mina é longo, mas educativo – não se esqueça de levar casaco porque a mais de 300 metros abaixo da terra faz frio! Mesmo ficando quase uma semana em Cracóvia, não consegui visitar uma das principais atrações da cidade – a fábrica de Oskar Schindler, aquele que salvou centenas de judeus durante o Holocausto, então aprenda com o meu erro e garanta o ingresso com antecedência se viajar no verão europeu porque as atrações lotam mesmo!


Polônia - uma Europa diferente - mina de sal Wieliczka
Mina de sal Wieliczka



Em todas as cidades polonesas, recomendo se hospedar no centro histórico, pertinho das atrações. Em Cracóvia, o ideal seria dentro do círculo formado pelo parque que ocupa os lugares da antiga muralha da cidade ou na avenida que circula o centro. Boas opções seriam o Hotel Wawel ou o Hotel Polski Pod Białym Orłemou.


Parti para Wrocław (Breslávia em português) já com uma boa impressão do país para me apaixonar pela praça mais linda que já vi na vida! Fiquei embasbacada com aquelas casinhas coloridas (da primeira foto deste post) e apesar da cidade ter diversas atrações, acabei ficando a maior parte dos meus próximos três dias pela praça mesmo, observando cada detalhe das reconstruções após a guerra.


Polônia - uma Europa diferente - prefeitura de Wroclaw
Prefeitura de Wroclaw



Wrocław é diversão garantida para as crianças – hoje a principal atividade turística na cidade é caçar as mais de 400 estátuas de gnomos espalhados pela cidade! Tudo começou como protesto contra o governo autoritário nos anos 80 pelo grupo Alternativa Laranja. Já nos anos 2000, a prefeitura instalou algumas estátuas de gnomos e diversos estabelecimentos comerciais seguiram a moda, que deu origem até a aplicativos para facilitar a caçada de gnomos! Recomendo baixar o app Go Wrocław Krasnale para isso e para se hospedar pertinho da praça principal, mas com estilo, o Grand City Wrocław é uma boa opção.


Polônia - uma Europa diferente - gnomos de Wroclaw



Depois segui para Poznań, com outra praça incrível e a briga dos bodes no topo do prédio da prefeitura todos os dias ao meio dia. Para chegar às praças principais polonesas, é só procurar “Stary Rynek“ no Google. Por todas as cidades polonesas que passei, fiz no mínimo um walking tour (em inglês) pelo centro para conhecer e entender mais da cidade e aprendi demais!


Polônia - uma Europa diferente - Prefeitura de Poznan
Prefeitura de Poznan


Em Poznań, visitei uma pequena exposição grátis sobre três matemáticos poloneses que foram essenciais para decifrar os códigos da máquina Enigma - acredita-se que o trabalho deles adiantou o final da Segunda Guerra em três anos!  Experimentei o “rogal świętomarciński”, croissant super calórico com vários tipos de frutas secas e castanhas. Boas opções de hospedagem em Poznań seriam o Hampton By Hilton Poznan Old Town ou o Hotel Palazzo Rosso, a uma quadra da praça principal.


Polônia - uma Europa diferente








Continuei subindo para o norte da Polônia para a região da Trójmiasto (“Tricidade”) – Gdańsk, Gdynia e Sopot, o destino preferido nas férias de verão para os poloneses. Fiquei na maior delas, Gdańsk, mas passei uma tarde da praia de Sopot, que tem o maior píer de madeira da Europa e observei um pouco como os europeus curtem a praia. Também fiz um passeio de um dia de trem para o castelo de Malbork da época da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, que é o maior castelo europeu em extensão!


Polônia - uma Europa diferente - castelo de Malbork


Em Gdańsk, aprendi que estava no exato local onde a Segunda Guerra começou e fui conhecer o extenso e novíssimo Museu da Segunda Guerra, específico sobre o tema. Perambulei por horas pelo centro histórico lindíssimo, reconstruído após a guerra como em outras cidades polonesas. O souvenir mais típico da região são as joias e bijuterias de âmbar, resina fóssil comercializada há séculos na cidade, que era um importante centro comercial desde a época medieval, quando fazia parte da Liga Hanseática. O guindaste medieval de madeira de pelo menos 700 anos é um museu sobre comércio marítimo hoje! Foi nos estaleiros da cidade que surgiu o Solidarność, partido político essencial para tirar a Polônia do domínio dos soviéticos nos anos 80.


Polônia - uma Europa diferente - Gdansk



Conheci o queijo típico da região das Montanhas Tatra ao sul da Polônia, o oscypek e fui a um Pyra Bar (restaurante especializado em pratos com batata). As melhores opções de hospedagem aqui seriam o Hampton By Hilton Gdańsk Old Town perto da Igreja de Santa Maria ou o Radisson Hotel & Suites com vista para o rio Motławaquase na frente do famoso guindaste!


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Segui para um fim de semana na tranquila Bydgoszcz, onde a maior surpresa foi encontrar uma fonte belíssima com show de luzes e músicas às 9 da noite em pleno domingo em um dos parques da cidade! Os poloneses amam fontes deste tipo e também encontrei outras delas por outras cidades por onde passei – procure no Google Maps por “fontanna multimedialna. Aproveite para se hospedar no tradicional Focus Hotel Premium Pod Orłe, em um dos prédios mais bonitos da cidade.


Polônia - uma Europa diferente - Bydgoszcz



O próximo destino foi Toruń, também declarada patrimônio mundial pela UNESCO com centro histórico muito bem conservado e terra natal de ninguém menos do que Nicolau Copérnico, o astrônomo e matemático que disse que a Terra girava em torno do Sol ainda na Idade MédiaUma das casas de sua família virou um museu bastante moderno e interativo, que recomendo demais. Outro destaque da cidade são os tradicionais pierniki.  Até participei de um workshop para aprender a fazer o delicioso pão de mel polonês no Żywe Muzeum Piernika. Em Toruń tive uma boa surpresa – estava lá bem nos dias do festival de luzes da cidadeo tipo de surpresa que tem uma probabilidade bem maior de acontecer quando você viaja durante o verão europeu. Em Toruń, boas opções de hospedagem são o charmoso Hotel Spichrz ou o Hotel Petite Fleur, os dois dentro das muralhas.


Polônia - uma Europa diferente - Torun
Estátua de Copérnico na frente da prefeitura


Já com saudades antecipadas da Polônia, continuei a viagem para Varsóvia, que seria minha última cidade antes de voltar para o Brasil. Apesar dos relatos que você encontra pela internet, Varsóvia tem uma história pesada, mas não é nada cinza e é tão fantástica quanto Cracóvia. Ainda não cheguei à conclusão do que gostei mais na capital da Polônia - a Rua Krakowskie Przedmieście com diversas opções de restaurantes e lojas, o centro que foi quase 90% destruído, mas a reconstrução foi tão perfeita que também foi declarado patrimônio pela UNESCO, o Castelo Real, o charmoso bairro alternativo Praga do outro lado do rio (que não tem nenhuma relação com a capital tcheca), a beira do rio Vístula, a história do Levante de Varsóvia (o maior episódio de resistência ao nazismo durante a Segunda Guerra), o centro atual com os prédios modernos ou até o imponente Palácio da Cultura e da Ciência. Ele não é muito querido pelos poloneses por ter sido um presente de Stálin, mas lá do alto temos uma vista panorâmica incrível.


Polônia - uma Europa diferente - Palácio da Cultura e da Ciência
Palácio da Cultura e da Ciência


Polônia - uma Europa diferente - Castelo Real em Varsóvia
Castelo Real


Experimentei a sopa mais típica, Żurek, à base de levedura e pão de centeio, mas achei forte demais. Bons lugares para se hospedar em Varsóvia são o Hotel Bristol, A Luxury Collection Hotel ao lado do palácio presidencial, o Raffles Europejski Warsaw ou ainda o Novotel Warszawa Centrum, mais perto da parte moderna e atual centro da cidade.

O país é bastante seguro para uma mulher viajando sozinha e mais barato do que a Europa tradicional (a moeda lá é o złoty – 1 złoty equivale a aproximadamente 1,40 real em janeiro/2022 e existem casas de câmbio por todo lado). Para se locomover entre as cidades, é possível alugar um carro (opção mais flexível, mas cuidado com zonas restritas para carro nos centros das cidades), viajar de trem (opção mais confortável, mas o site da empresa polonesa de trens PKP não é muito bom para comprar tickets online na versão em inglês e se deixar para comprar na hora fica bem mais caro) ou ainda de ônibus (opção mais em conta, mas menos confortável porque as “rodoviárias” por onde os ônibus chegam e saem costumam ser esquisitas e bem menos preparadas do que as rodoviárias brasileiras. Foi a minha escolha para a maior parte dos trajetos e contei tudo no link anterior).


Polônia - uma Europa diferente


Escolhendo hotéis bem localizados, dá para visitar grande parte dos pontos turísticos a pé e somente para poucas atrações seria necessário pegar algum transporte público, táxi ou utilizar aplicativos de transporte – o mais forte no Leste Europeu é o Bolt, concorrente do Uber que usei diversas vezes para chegar e sair dos hotéis. Usei o tram/bonde em Cracóvia e o metrô em Varsóvia algumas vezes tranquilamente. Peguei pouca chuva nos primeiros dias de agosto, mas também senti bastante calor na maioria dos dias dessa viagem. Além das comidas já citadas, os poloneses comem muito repolho, cogumelo, beterraba, batata e espinafre e bebem muita vodca. Para uma experiência autêntica, conheça um bar mleczny (“milk bar” ou “bar de leite”) – tipo de restaurante simples, que teve o seu auge durante o período comunista e que foca em pratos caseiros, inicialmente feitos à base de leite.



Cracóvia, Varsóvia e Gdańsk são as cidades mais turísticas, onde é muito tranquilo se comunicar em inglês. Para entender os cardápios em polonês, o ideal é ter algum aplicativo de tradução instalado no celular. Os mais jovens costumam falar inglês bem e você só teria algum problema em cidades pequenas ou se comunicando com pessoas mais velhas. Na grande maioria dos museus e atrações, saber inglês é importante para aproveitar melhor a visita e entender o que está vendo. O que fez toda a diferença na minha viagem pela Polônia foi conhecer e conversar com alguns poloneses que deram dicas que até então eu não tinha lido em lugar nenhum da internet. Voltei para casa encantada pelo país do Papa João Paulo II e da Marie Curie e ainda volto para lá o mais breve possível!






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10 comentários:

  1. Adoro dicas de lugares inusitados para viajar, e certamente a Polônia é uma ótima opção para fugir dos lugares tradicionais na Europa.

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  2. Realmente visitar a Polônia é conhecer uma Europa diferente dos cartões postais mais comuns. Parabéns pela publicação do seu artigo na revista! Amei visitar a Polônia pelo seu olhar. Fiquei com muita vontade de conhecer a Mina de Sal. Visitei a Catedral de Sal perto de Bogotá e foi um passeio fascinante, tenho certeza que iria gostar de lá também.

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  3. Conheço algumas pessoas que já visitaram a Polônia e todas dizem exatamente o que vc disse no post, que é um país encantador, cheio de história e com lugares lindíssimos!

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    1. A gente ouve muito pouco sobre lá e acaba sendo uma boa surpresa!

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  4. Sabe, Fernanda, lendo seu artigo, acabei de lembrar que a Polônia sempre esteve presente na minha wishlist só que sempre vou colocando outro e outro destino na frente! Que país mais lindo! Espero realizar esse sonho em breve!

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    1. Isso acontece demais!!! TB fiz isso por muitos anos - e ainda bem que em 2019 eu finalmente resolvi esse problema... Agora tô aqui pensando em quais destinos não posso mais adiar conhecer!

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  5. Nunca fui à Polónia e, seguramente, este não é o melhor momento para o fazer, dada a proximidade da Ucrânia, mas fiquei super curiosa para conhecer quer Cracóvia, quer Wrocław, que parece uma gracinha de cidade. Esses gnomos são tão engraçados!

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