Dicas sobre Munique no blog:
O local mais clássico para comer no centro de Munique seria a
cervejaria Hofbräuhaus, mais ou menos "atrás" da Neues Rathaus, onde Hitler e o partido nazista costumavam fazer reuniões (mas não é a cervejaria do
Putsch de 1923). O restaurante pode acomodar mais de 3 mil pessoas sentadas e apesar da cervejaria ter sido criada em 1589 por Guilherme V, ainda faz sucesso entre os locais. Originalmente não ficava ali, mas mudou para o local conhecido em 1608. Em 1828, Ludwig I permitiu abrir a cervejaria para a população em geral. Hoje a cerveja é feita em outro lugar.
Em seguida, a sugestão é pegar a rua de compras Kaufingerstraße (que depois continua com o nome de Neuhauser Straße) e além das lojas e do movimento intenso de turistas e moradores, parar para admirar a Frauenkirche. Suas torres chegam a quase 100m de altura. É possível subir na torre sul para mais uma vista panorâmica da cidade (em 2019, ela estava fechada para reforma). A principal curiosidade sobre a catedral de Munique é uma pegada logo na entrada da igreja, conhecida como "a pegada do diabo". De acordo com a lenda, o construtor da igreja precisava de dinheiro e fez um pacto com o diabo de que conseguiria construir uma igreja sem janelas. Quando o diabo foi conferir o resultado, daquele local exato realmente não é possível enxergar nenhuma janela (escondidas pelas colunas). Mas dando um passo, as janelas foram vistas pelo diabo, que bateu o pé de raiva e deixou sua marca no chão.
|
Foto: A Mueller |
|
A pegada do diabo na última foto |
Ali perto em uma antiga abadia, fica hoje o
Museu Alemão da Caça e da Pesca (de 1966), com algumas
esculturas curiosas em sua entrada. Nunca entrei neste museu porque os assuntos não me interessam, mas você pode conferir
neste vídeo, por exemplo os animais empalhados.
Seguindo a principal rua de compras, passamos pela St. Michaelskirche (Igreja de São Miguel - maior igreja renascentista ao norte dos Alpes - é uma igreja jesuíta e abriga a cripta de alguns membros da
Casa de Wittelsbach, inclusive o
rei Ludwig II, aquele dos
castelos incríveis)
, pela Bürgersaalkirche e chegamos no Karlstor e na Karlsplatz, um dos antigos porões da cidade e uma praça movimentada com uma fonte bonita (a praça também é conhecida como Stachus)
Munique já foi uma cidade cercada por muralhas e algumas ruas ainda dão essa dica através de seus nomes. Foram 2 muralhas e alguns portões da segunda permanecem até os dias atuais. Um deles é o Karlstor e mostro os outros 2 mais à frente. O Karlstor foi renomeado assim em 1727 devido à praça adjacente, mas antigamente se chamava Neuhauser Tor e era formada por 3 torres. A torre central foi destruída em 1857 por uma explosão da pólvora armazenada ali e as outras 2 foram posteriormente reconstruídas em estilo neogótico.
|
A principal rua comercial ali do centro, com as igrejas e o museu que falei acima |
|
Karlstor e na Karlsplatz |
Viajando pela Baviera além de Munique:
Dê uma passadinha na super decorada Asamkirche e no Sendlinger Tor (outra antiga porta de entrada na cidade). A Asamkirche em estilo rococó é uma das igrejas mais rebuscadas que já vi e até bem pequena. Foi construída pelos irmãos Asam (daí seu nome) na metade do século XVIII e tem 8m x 22m. O Sendlinger Tor é o mais antigo dos 3 portões, de 1318 e era o caminho lógico para quem se deslocasse dali para a Itália. Conserva o estilo gótico, mas a torre central foi derrubada e o arco alargado para passagem de automóveis
|
Asamkirche |
|
Sendlinger Tor |
Seguindo de volta para a Marienplatz, pas
samos pela Sankt-Jakobs-Platz, com o Museu Judaico (Jüdisches Museum München) e o Museu da Cidade de Munique (Münchner Stadtmuseum), que não dá tempo para visitar com um dia só na cidade. Eu ainda não conheço nenhum dos dois. Perto dali fica o
Viktualienmarkt, o mercado mais famoso de Munique. O
Viktualienmarkt é um mercado de alimentos no centro de Munique que funciona quase que diariamente (todos os dias, exceto domingos e feriados) desde 1807. São dezenas de barraquinhas que vendem legumes, frutas exóticas, pães, temperos, flores, queijos, embutidos, peixes, carnes frescas, guloseimas típicas, souvenirs, etc
Tem um Biergarten bem no meio do mercado e uma "árvore de Maio" também ("Maibaum" - na primeira foto da montagem abaixo - é mais para um poste enfeitado do que uma árvore mesmo - leia sobre essa tradição clicando no link acima). Aparentemente, "victus" significa "comida"/"provisões" em latim e daí veio o nome do mercado, que anteriormente ficava na praça principal Marienplatz, mas o tamanho da praça já não estava suficiente e então trocaram o local do mercado. Diversos eventos tradicionais acontecem no local. Nas proximidades fica o Schrannenhalle, antigo galpão construído para fazer parte do mercado, destruído por um incêndio na primeira metade do século XIX e reconstruído poucos anos atrás. Hoje abriga a filial do Eataly em Munique.
O Viktualienmarkt é um dos mercados mais legais do mundo!
|
Mapinha do mercado mostrando que ele ocupa uma área bem grande e bem perto da Marienplatz - Maximilian Dörrbecker (CC-BY-SA 2.0) |
Do mercado, é um pequeno desvio para conhecer o 3o portão da cidade, o Isartor. Ele leva o nome do rio que atravessa o centro da cidade e é de 1337, restaurado em 1833 e novamente após a Segunda Guerra. É o único que ainda tem a torre central, que abriga um desconhecido museu de um comediante alemão.
|
Isartor |
De volta à Marienplatz, comece a subir para o norte da cidade e chegará na
Max-Joseph Platz ou Opernplatz, onde fica a
casa de ópera da cidade (Staatsoper). O nome da praça é uma homenagem ao rei Maximilian I Joseph, que está representado na estátua central.. Além da
Ópera do Estado Bávaro, por ali está a entrada do
teatro do Residenz (de 1951).
|
Eu em 2004 na frente da Staatsoper |
Seguindo para a Odeonplatz, temos a Theatinerkiche (essa amarela das fotos abaixo) onde ficam os túmulos da família real da Baviera, mas infelizmente não tem explicações para os turistas na cripta - são 49 membros enterrados ali. Outro nome da igreja é St. Kajetan Kirche e ela foi construída no final do século XVII em estilo barroco italiano tardio. O que me chamou a atenção foi o interior mais branco que já vi em qualquer igreja na minha vida!
O nome da praça Odeonplatz vem de uma antigo casa de concertos, chamada Odeon que ficava no local, mas foi destruída durante a Segunda Guerra. A praça sedia alguns eventos atualmente e antigamente, era um ponto focal do governo nazista. Soldados estavam sempre presente por aqui e os transeuntes precisavam fazer a saudação nazista quando passavam. Muita gente começou a fugir da praça por um beco para não precisar fazer a saudação, mas logo se descobriu o truque. Hoje neste beco temos uma memorial no chão - um caminho em pedras douradas (Drückebergergasserl, na Viscardigasse).
|
Foto: B. Roemmelt |
|
Foto Thomas Klinger |
Na mesma praça, fica o Federnhalle, uma construção classicista, cópia da Loggia dei Lanzi em Florença. Foi construída em 1844 em homenagem ao exército bávaro. As estátuas no local são de líderes militares. Ali também fica o palácio Residenz, uma daquelas vistas imperdíveis em Munique, pois ali fica a sala Antiquarium, um hall com magníficos afrescos, projetado para abrigar uma coleção de antiguidades, completado em 1571.
|
Federnhalle |
São muitos os castelos e palácios em Munique ou nas proximidades, mas a residência mais central era a principal moradia da Casa de Wittelsbach. O Residenz é o maior palácio urbano da Alemanha e os destaques, além do Antiquarium, são o Herkulessaal, a igreja Allerheiligen-Hofkirche, o tesouro, o teatro Cuvilliés (extensão de 1753) e os apartamentos do rei Ludwig I. A propriedade começou a ser construída em 1385.
|
A primeira foto com o leão é de 2019, mas todas as outras são de 2004 e por isso não são boas. Mas o Residenz é incrível demais e vale a pena visitar. |
O grupo
Rosa Branca (Weisse Rose em alemão) foi um grupo de resistência contra o nazismo formado majoritariamente por estudantes da Universidade Ludwig Maximilian em Munique e que distribuía panfletos para alertar a população sobre o verdadeiro rumo da Segunda Guerra Mundial, do partido nazista e outras situações da época - as fakes news já circulavam amplamente.
Segundo o
livro "A Rosa Branca", escrito pela irmã de dois dos integrantes do grupo, "
o círculo da Rosa Branca em Munique tinha o objetivo de gerar uma crescente conscientização pública acerca do verdadeiro caráter do nacional-socialismo e da situação concreta para a qual o regime havia conduzido a Alemanha e a Europa. Eles queriam difundir a ideia de resistência pacífica nos mais diversos âmbitos sociais."
|
Monumento em frente à Universidade Ludwig Maximilian |
|
Busto de Sophie Scholl no saguão de um dos prédios da Universidade
|
|
Memorial ao Grupo Rosa Branca |
|
No centro, o "arco do triunfo" de Munique - o Siegestor, construído entre 1843 e 1850 |
Voltando para o Hofgarten, um dos lugares mais belos de Munique - "os jardins da corte". Eu amei tanto no inverno como no verão! Com o templo de Diana no meio do jardim, o local abriga concertos no verão. O jardim do palácio anexo (Residenz) foi inicialmente projetado em estilo renascentista italiano no século XVII e nas arcadas é possível ver murais mostrando momentos históricos da Casa de Wittelsbach.
|
Hofgarten com neve em dezembro/2004 e sem neve em julho/2019 |
Do Hofgarten, seguimos para o parque
Englisher Garten, principal parque da cidade. Além de curtir o parque, você pode aproveitar o
Biergarten da Torre Chinesa para comer.
Aqui tem um post exclusivo sobre o parque.
Ele foi criado em 1789 por Benjamin Thompson para o então príncipe-eleitor do Palatinado, Carlos Teodoro, herdeiro dos Wittelsbach, então governantes da Baviera. Com uma área de 3.7km quadrado, é um dos maiores parques urbanos do mundo. O nome se refere ao estilo inglês de jardins da época - mais informal, que foi adotado ali. Foi construído no local de uma área utilizada para caça e foi aberto em 1792 para cerca de 40 mil habitantes de Munique.
|
Englisher Garten e a Torre Chinesa |
Onde comer no centro histórico de Munique
Falei de diversas opções ao longo do texto e com mais detalhes
neste post - mas as melhores opções para matar a fome nesse dia de turistagem no centro de Munique são na
cervejaria Hofbräuhaus, no mercado Viktualienmarkt, no tradicional restaurante no
subsolo da prefeitura Ratskeller ou ainda no
Biergarten da Torre Chinesa dentro do Englisher Garten se você fizer o roteiro ao contrário. Mas eu acho mais interessante almoçar em um dos 3 primeiros e deixar para tomar uma cerveja no final da tarde na 4a opção.
Qual a melhor localização para se hospedar em Munique?
|
Olha essa vista! |
|
A fachada, o lobby e estátuas na frente do hotel na Promenadeplatz - inclusive o "altar" em homenagem ao Michael Jackson, que dizem que sempre se hospedava ali! |
Outras boas opções também com preço mais altos são o
Platz Munich (muito próximo à Marienplatz) e o
Mercure Hotel München Altstadt (a uma quadra da principal rua de compras de Munique - entre a Karlsplatz e a Marienplatz). Para uma opção mais em conta, as melhores opções são mais próximas à Estação Central (Hauptbahnhof).
Conhecendo Munique com mais tempo
Tudo isso já é suficiente pra encher um dia de viagem (se bobear, nem é tempo suficiente), mas ainda ficariam faltando lugares mais longe do centro como o
Olympiapark com a Torre de TV e o Museu da BMW, a
Allianz Arena do time Bayern, o
Deutsches Museum (maior museu de tecnologia alemão) e outros museus em geral, além do
palácio Nymphenburg, atrações que visitei nas minhas viagens anteriores para Munique.
|
Olympiapark |
|
Museu da BMW visto da Torre de TV |
|
Olympiapark |
|
palácio Nymphenburg - Foto: Werner Boehm
|
A uma estação de metrô da Karlsplatz do roteiro acima, fica a Königsplatz, com cerca de uma dezena de museus incríveis e o Propylaen, só que em um dia não daria tempo para visitar nenhum deles (boa ideia para um segundo dia na cidade chuvoso, extremamente frio etc). Na praça (que estava em reforma em julho/2019 e por isso não tirei muitas fotos) fica também um memorial à queima de livros pelos nazistas em 1933. A maioria das construções por aqui são do século XIX, em estilo neoclássico e o local abrigava eventos do partido nazista quando estes estavam no poder.
|
Königsplatz - fotos de 2004 e 2019 - Glyptothek, Staatliche Antikensammlung e Propylaen |
E lembrando que são muitas opções de passeios de um dia por perto de Munique então vale a pena programar dormir muitas noites na cidade!
Você sabia que pode reservar hotel, alugar carro, garantir seguro viagem com desconto, conseguir ingressos para atrações e tours no Brasil e no mundo todo, além de guias de diversas cidades e países pelos links aqui do blog? Você não gasta nenhum centavo a mais e o blog ganha uma pequena comissão! Obrigada!
Estive em Munique duas vezes, nas duas por um dia em cada, e consegui conhecer os principais pontos turísticos, mas não entrei em museus e não conhecia essa Juristische Bibliothek, que linda! Já salvei aqui pra uma próxima vez, obrigada!
ResponderExcluirTentei 3 vezes ir a Munique e não conseguia por causa dos altos preços de hospedagem. No quarto ano resolvemos ficar num bairro mais afastado e alugamos um apartamento pelo AirBnb. Amamos Munique e mesmo tendo ficado 4 dias não foi suficiente para conhecer tantas coisas legais que vc mostra. A biblioteca jurídica é fantástica. Para aproveitar tantas dicas ótimas só voltando a Munique.
ResponderExcluirUm dos meus grandes arrependimentos quando visitei a Alemanha foi não conhecer Munique. Lendo o seu post tenho certeza que preciso voltar para a Alemanha para conhecer!!! A cidade é interessantíssima e, sem dúvida, um dia só é pouco, como você me alertou.
ResponderExcluirVou passar o link para uma prima que está com viagem marcada para Munique em dezembro. Achei seu roteiro super completo, com certeza vai ajudá-la muito.
ResponderExcluirQuero tanto conhecer Munique. Espero conseguir conhecer em breve.
ResponderExcluirAdorei essas dicas do que fazer em Munique! Gosto de viajar com tudo bem planejado e seu blog tem me ajudado muito. Obrigada mesmo!
ResponderExcluirEstive em Munique, acho que passei uns três dias, mas confesso que um dia teria sido suficiente. Apesar de ter achado uma cidade linda, realmente não havia tanto o que fazer como turista.
ResponderExcluirComo fiquei com um dia livre aproveitei uma viagem perto e foi a melhor coisa que fiz: fui até Dachau e fiz a visita guiada no que foi o primeiro campo de concentração nazista. Uma experiência única. Para quem está ou vai para Munique, fica a minha dica para um dia livre.