Campinas não é a cidade mais turística do interior de São Paulo, mas já que estava difícil viajar em 2021/2022 ainda por conta da COVID e eu estava desesperada para fazer algo mais parecido com turismo que sempre fui acostumada a fazer pelo mundo, fucei a internet toda e encontrei diversas atividades fora do óbvio na minha cidade mesmo. A maioria do que conto no post de hoje foram walking tours, mas teve também um workshop sobre arquitetura, restauração e fazendas antigas e até um tour específico por um cemitério!
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| Estátua da Mãe Preta |
.jpg "O que fazer em Campinas (SP): 5 tours e um workshop") |
| Hospital Irmãos Penteado no bairro Cambuí |
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Casa de Saúde de Campinas |
Eu costumo fazer vários walking tours nas grandes cidades que visito (por exemplo Berlim, Valencia, Barcelona, várias cidades da Polônia, Luxemburgo, Rio de Janeiro etc) e recomendo demais para ter uma primeira ideia sobre uma cidade, sua história, pessoas, tradições, monumentos e atrações. No caso dos tours em Campinas, cada um deles tinha um foco diferente então apesar de muitos dos locais visitados serem os mesmos, não ficou cansativo ou repetitivo, muito pelo contrário, foram complementares!
Veja aqui todas as dicas sobre Campinas e sobre o interior de São Paulo aqui no blog!
Rota Afro Campinas
Muitos anos atrás já tinha feito um walking tour básico pelo centro de Campinas e a Rota Afro foi um dos primeiros tours do tipo que fiz retomando a vida pós-vacinas. Muitas das praças e ruas que passamos foram as mesmas de outros tours do tipo, mas com o tour complemente focado nas personalidades negras que passaram pela cidade, ficou um tour completamente diferente! Para quem não sabe, Campinas foi a última cidade das Américas a abolir a escravidão.
Passamos por alguns pontos do Centro e do bairro Cambuí, da Capela de São Benedito/Estátua da Mãe Preta, até o Largo Santa Cruz, com a Praça Carlos Gomes, o Largo do Rosário e o Largo das Andorinhas no meio do trajeto, com a guia Julia e o historiador Guilherme contado histórias positivas sobre a negritude da cidade, costumeiramente esquecida e apagada (mas claro, as histórias tristes também fazem parte).
Ouvimos sobre as irmandades religiosas negras, a derrubada da Igreja do Rosário para alargamento de uma avenida, a crueldade com o escravizado Elesbão servindo de exemplo para que outros não ousassem se revoltar, a criação de uma escola de samba tradicional da cidade, como o bairro Cambuí passou de um bairro de cortiços para um bairro nobre (leia mais sobre o assunto no livro "Do cortiço à elite", da jornalista Camila Defendi), sobre clubes sociais recreativos para pessoas pretas, congada, jongo e outros rituais de origem negra etc.
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| Igreja de São Benedito, Estátua da Mãe Preta, coreto da Praça Carlos Gomes e casarões preservados na Largo do Rosário, local da antiga igreja derrubada. |
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| Ainda no Largo do Rosário |
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| Praça Bento Quirino com o prédio azul do Jockey Club e o monumento-túmulo a Carlos Gomes, Prefeitura de Campinas, Largo das Andorinhas com Monumento ao Bicentenário de Campinas (antigo local do pelourinho) e placa da Praça Santa Cruz |
Já fiz vários outros walking tours em Campinas e quis participar deste justamente para ouvir outro lado da mesma história. Para quem ainda não conhece, sugiro que vejam a palestra "O perigo da história única", da Chimamanda Ngozi Adichie (vídeo abaixo).
A Júlia também organiza outros passeios de afroturismo em cidades próximas como Vinhedo, Rio Claro e Piracicaba - veja informações aqui.
10 ideias de passeios e bate-voltas pertinho de Campinas! Veja aqui como ir de Guarulhos a Viracopos ou vice-versa.
Tour fotográfico pelo centro
Outro passeio que fiz por Campinas nos últimos meses foi um tour fotográfico pelo centro e também um pouquinho do bairro Cambuí, começando pelo Centro de Convivência. Com direito a muitas dicas de fotografia (melhores ângulos, fotos panorâmicas, truquezinhos com o celular etc)! Nas primeiras fotos, Hospital Irmãos Penteado, casarões na Av. Júlio de Mesquita, Prefeitura, Giovanetti (bar/restaurante tradicional da cidade - tem várias unidades e essa em um casarão antigo pintado de vermelho no Cambuí é a mais bonita) e alguns detalhes pelo nosso caminho.
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Já no Largo das Andorinhas, temos o Monumento ao Bicentenário de Campinas e o "Beco do Inferno" (mais informações sobre ele em um vídeo abaixo sobre outro passeio). Achei várias amarelinhas pintadas no chão pelo centro, mas a única que não estava bastante apagada era essa da foto acima, na frente da Biblioteca Municipal, atrás/na lateral da prefeitura. Quase que não deu para tirar foto da Escola Carlos Gomes por conta da posição do sol. Abaixo, a Praça Carlos Gomes, com o coreto central - acho uma das mais bonitas da cidade.
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| Casa de Saúde de Campinas |
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| Finalmente consegui entrar na Igreja de São Benedito (ponto de encontro do primeiro tour deste post). As 2 últimas fotos são do prédio dos Correios na Avenida Francisco Glicério. |
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| No meio, o CCLA (Centro de Ciências, Letras e Arte) meio acabadinho em um prédio com estilo art deco. |
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Observando a arte de rua pela cidade, que infelizmente não tem muita coisa nesse sentido... Nunca tinha reparado no Palácio da Mogiana (o amarelo acima) e fiquei com bastante vontade de conhecer por dentro. Depois chegamos ao monumento a Campos Sales no meio de um cruzamento movimentado (4o presidente do Brasil - de 1898 a 1902 ‐ e nascido em Campinas) - nunca dá para prestar atenção quando passamos aqui de carro por conta do movimento.
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Chegamos na fotogênica estação de trem de antigamente, hoje Estação Cultura, uma das sete maravilhas de Campinas e local para eventos diversos (no dia das fotos, estava rolando feirinha mística e festival de acarajé, mas nas fotos nem aparece rs). Ali perto também fica a antiga fábrica da Lidgerwood, precisando de uma reforma para ser aproveitada pela população (ali já funcionou o museu da cidade - fotos acima).
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| Túnel ao lado da Estação Cultura - Túnel da Vila Industrial |
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| Rua 13 de Maio, que começa em frente à estação e vai dar na Catedral e mais alguns pontos da antiga estação de trem |
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A caminhada foi bem mais longa do que eu imaginava - começou cedo e realmente ocupou a manhã toda! Mas não é difícil não. Garanta aqui esse mesmo walking tour acima por Campinas!
Onde ficar em Campinas:
Workshop "Memória, café e patrimônio"
Em maio/2022, visitei a Fazenda Atibaia, no distrito de Sousas, que já foi produtora de cana-de-açúcar e de café. Depois de ser restaurada, hoje pode ser alugada para eventos. O tour foi organizado com o pessoal da Próximo Passeio (da plataforma campinas.com.br), mas não é muito frequente. No sábado anterior, tivemos uma aula online teórica sobre a restauração do casarão da fazenda feita entre 2003 e 2013 pela Ana Villanueva (da Pátina Consultoria) e também uma introdução à história do café no Brasil com a Sandra (Naqi Café). No passado, Campinas teve um papel importante na produção brasileira de café, mas hoje não é algo significativo.
Durante a visita, aprendemos sobre as diferenças arquitetônicas entre a época do açúcar e a época do café (conseguem identificar nas fotos?), as escolhas feitas durante o restauro da propriedade e terminamos a manhã com um workshop sobre a bebida mais gostosa de todas! Foi falado sobre como era produção de café antigamente, sobre os tipos de café, diferentes métodos de passar café e mais, com direito a degustação do café especial Araújo Quaresma.
A Fazenda Atibaia é remanescente de uma sesmaria do mesmo nome, que foi fundada e pertenceu a José Francisco Aranha Barreto de Camargo, que construiu o Solar do Açúcar. Era um engenho de cana-de-açúcar, como a maioria das propriedades na região, e tornou-se uma grande produtora de café em meados do século XIX. Mudou de dono algumas vezes entre famílias renomadas da cidade e em 1851, produzia 8 mil arrobas de açúcar e 3 mil arrobas de café. Em 1900, a produção era de 15 mi arrobas de café.
Quem curte café vai gostar também de conhecer o Museu do Café em Santos!
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Dicas de onde comer em Campinas:
Monumentos Públicos de Campinas: Arte, História e Cidade
Outro walking tour pela região central de Campinas era focado em alguns dos cerca de 200 monumentos da cidade. O tour faz parte do projeto Revisitando Campinas, comercializado pela plataforma Próximo Passeio (que já falei acima). O roteiro passou mais ou menos pelas mesmas praças, ruas e avenidas dos outros tours que andei fazendo nos últimos meses, mas como o foco era diferente, eu sempre descubro algo novo. Dessa vez descobri por exemplo um monumento ao bicentenário da chegada do café por aqui na praça inicial da caminhada, que eu nem sabia que existia - e eu não era a única do grupo que nunca tinha visto/ouvido falar nele!
Neste tour, foi comentado sobre as figuras homenageadas ou eventos comemorativos retratados em cada um dos monumentos, sobre os artistas de cada obra, sobre tipos e restauro de monumentos, com um toque de informação sobre a história, personagens públicas e lendas de Campinas. Descobri vários detalhes que nunca tinha percebido, por exemplo a cruz no monumento-túmulo de Carlos Gomes ou os nomes de óperas escritos na grama ali na frente, uma porta maravilhosa na mesma praça, uma casinha com uma pintura legal (aí foi depois do tour rs) etc. Havia uma participante estudiosa sobre Hércules Florence e sua família que adicionou muitas curiosidades sobre o pai da fotografia, um francês que morou muitas décadas em Campinas. Adoro caminhar por cidades grandes porque mesmo que seja a milésima vez, sempre tem alguma coisa que escapou ou que está diferente!
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| Monumento ao bicentenário do café que descobri no Largo do Pará por causa desse tour! |
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| Nas 3 fotos de cima, a Casa de Saúde, fundada por imigrantes italianos no final do século XIX. |
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Tour Campinas Assombrada
O pessoal do "O que te Assombra" pesquisa e divulga várias histórias assustadoras e lendas da cidade de Campinas e acho que desde 2021, começaram a fazer passeios pela cidade para contar essas estórias de assombrações. Hoje em dia, eles fazem passeios em cemitérios e em outras cidades, contando diversas lendas e causos no canal de youtube deles. No final de 2021, fiz uma caminhada pelo centro da cidade, que não era focada na historia de Campinas tradicional, mas sim em suas lendas e assombrações, inclusive sobre um dos campineiros mais ilustres, Carlos Gomes. Vou deixar alguns vídeos deles abaixo, mas passamos em vários locais dos tours que mostrei acima, só que como estava escuro, não consegui tirar nenhuma foto boa.
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| Jockey Club Campineiro - a única foto da noite que se salvou |
Tour pelo Cemitério da Saudade
Em Paris, Buenos Aires e outras cidades pelo mundo, cemitérios históricos já viraram atração turística. Algumas pessoas podem ficar com medo e/ou achar algo macabro mas principalmente alguns cemitérios de seculos atrás, costumam ter esculturas em túmulos de famílias proeminentes que não perdem em nada para artes mais tradicionais. Existe até um termo para isso - arte tumular. Além disso, muitas fãs também visitam a morada final de seus ídolos e por isso alguns cemitérios estão no circuito turístico de muita gente.
Fiz o passeio “Saudade e suas vozes” em setembro/2022 com o pessoal do "O que te Assombra" pelo Cemitério da Saudade, um dos mais tradicionais de Campinas. Vimos arte tumular e falamos sobre histórias de assombrações, milagreiras e outros personagens da cidade (muita gente importante está enterrada ali), epidemias e a História campineira ao entardecer e começo da noite. Como o grupo era grande, acaba sendo tranquilo andar por um cemitério, mesmo depois de escurecer. Várias lanternas de celular também ajudaram, é claro. Ah, e foi nesse cemitério que foi filmado parte do filme "Memórias Póstumas de Brás Cubas".
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| Na frente do portão do cemitério fica o Monumento Túmulo aos Heróis de 1932, em memória à Revolução Constitucionalista de 1932 |
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A história mais assustadora pra mim foi sobre o bonde que chegava até o cemitério #medo! E você, teria coragem de fazer um tour por um cemitério à noite??? Eu estou louca para fazer algum passeio do tipo no cemitério da Consolação em São Paulo!
Adorei (re)conhecer a minha cidade através de todos esses passeios e já tenho mais 2 programados para os próximos meses! Outra plataforma que ainda não citei no post, mas sempre tem algo interessante disponível é o Vzit.
Você sabia que pode reservar hotel, alugar carro, garantir seguro viagem com desconto, conseguir ingressos para atrações e tours no Brasil e no mundo todo, além de guias de diversas cidades e países pelos links aqui do blog? Você não gasta nenhum centavo a mais e o blog ganha uma pequena comissão! Obrigada!
Adorei o seu post!!! Adoro fazer walking tour e as opções em Campinassão muito interessantes, em especial (para mim), o focado na história afro da região e o fotográfico. Mas a dica que mais curti foi o workshop!! Maravilhosa a oportunidade desse passeio na fazenda!
ResponderExcluirEu acho que cada uma das opções tem uma particularidade e não consigo escolher a melhor rs
ExcluirQue interessantes todos esses tours por Campinas, Fernanda! Nem imaginava que a cidade tinha tantas opções e tantas histórias. Achei bem bacana a Rota Afro - acho importantíssimo a gente saber o outro lado das narrativas sobre escravidão - mas não sei se teria coragem de fazer esses tours noturnos em cemitérios.
ResponderExcluirAcho importante também! Sobre o cemitério, o grupo é grande então fica tranquilo...
ExcluirMuito legal essa lista sobre o que fazer em Campinas, geralmente pegamos voos com conexões por lá, sabendo dessas atrações podemos talvez conhecer um dia.
ResponderExcluirJá tem desculpa pra dar uma passeadinha além do aeroporto rs
ExcluirGostei muito do seu artigo sobre Campinas! Ainda não conheço, mas tenho muita vontade. Obrigada por compartilhar :)
ResponderExcluirDe nada!
ExcluirFernanda, seus posts são maravilhosos! Aulas de história ilustrada. Walking tour é uma forma especial de se conhecer um outro lado de muitas cidades e regiões. Ainda não conheço Campinas mas tenho muita vontade de visitar
ResponderExcluirObrigada! Tb adoro walking tours!
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