Roma - como se refrescar no calor do verão (ideias de passeios refrescantes)

Eu estive em Roma 2x na minha última viagem para a Itália ainda no final da primavera e apesar do termômetro não estar tão alto assim (comparado com o que já peguei no Brasil ou até mesmo sul da Espanha), o calor estava insuportável. A sensação de calor na Europa é maior do que no Brasil em geral e até eu que quase não uso óculos de sol, usei bastante em Roma porque parece que o o dia é mais claro (alguém entende sobre esses fenômenos e pode me explicar? rs).

Fontana del Moro na Piazza Navona - vou falar mais sobre as fontes de Roma abaixo

Além da dica de usar roupas leves, se manter hidratado, usar sempre protetor solar, bonés e chapéus, comprar um mini ventilador portátil, aproveitar as fontes espalhadas pela cidades (os romanos de 2 mil anos atrás já eram inteligentes e essas fontes tem água geladinha naturalmente - eu vivia por exemplo molhando o pescoço), você vai agradecer se escolher os passeios “certos” também. Falo sobre algumas opções que fiz e aprovei no post de hoje, porque além de toda a beleza vista e conhecimento adquirido, deu para se refrescar!

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Subsolo da Basilica di San Clemente

É uma das igrejas menos famosas entre as que visitei em Roma, mas uma das que mais gostei. No caso o subsolo dela - você desce 18m e volta 2.000 anos no tempo! Embaixo da atual Basílica de São Clemente do século XII, está outra basílica do século IV, também dedicada ao mesmo santo (o quarto papa)! Mais um nível abaixo, existem ruínas de um templo mitraísta, religião vinda da Pérsia, exclusivamente masculina, que disputava com o cristianismo em seus primórdios. No Templo de Mitras tem um altar mostrando o abate de um touro, na sala usada para banquetes e rituais do culto (triclinium).

Na basílica inferior queimada no saque normando de 1084, ficam afrescos desbotados com cenas da vida do Papa Clemente. Na basílica superior, o mosaico da abside tem detalhes com animais e folhas de acanto e a Cappella di Santa Caterina contém afrescos com cenas da vida da santa de Alexandria. Dentro da basílica atual tem também um grande candelabro de Páscoa do século XII. Em 1857, um padre descobriu a basílica enterrada sem querer e começou o processo de escavação. É proibido tirar fotos dos andares subterrâneos.

Não costuma encher e como eu não sabia que horas chegaria ali, não comprei antes. Chegando lá, na lojinha me disseram que é mais barato inclusive comprar online então comprei pelo celular ali mesmo.

Esquema dos diferentes níveis da igreja San Clemente em Roma - Guia Visual da da Folha de São Paulo

Leia aqui sobre as igrejas mais espetaculares para visitar em Roma!

Existem muitos outros subsolos em Roma, mas eles podem ser claustrofóbicos e um problema para alguns viajantes: Domus Aurea (a casa de Nero - estava fechada quando fui), diversas catacumbas, sendo a de São Calixto a mais famosa, a Cripta dos Capuchinhos, o Carcere Marmetino (antiga prisão construída entre os século VII e VI AC, tendo sido inclusive o local onde São Pedro ficou acorrentado), a Crypta Balbi (que faz parte dos museus romanos) e o mitraeum debaixo da San Stefano Rotondo, que deve ser parecido com o da San Clemente.

A cidade tem muitos séculos de existência e por isso existem várias "camadas" - muita coisa foi sendo construída em cima de outras estruturas. Esse inclusive é o motivo da dificuldade de se construir metrô em Roma - qualquer escavação em Roma acaba encontrando vestígios de construções e artefatos antigos e as obras tem que ser paralisadas e muitas vezes os planos e traçados refeitos.

Tour da Necrópole do Vaticano

Muitos anos atrás li sobre um tour "secreto" no Vaticano em diversos blogs de viagem e fiquei louca para fazer. É necessário agendar por email com bastante antecedência, mas é possível escolher o tour em vários idiomas, inclusive em português. Não é permitido tirar fotos durante o tour, mas o destaque é mesmo a suposta tumba de São Pedro - é o único jeito de chegar realmente perto dela e visualizar um pedacinho - a maior parte dos turistas chega até uma tumba mais elaborada um andar acima do local real. Foi ainda mais legal porque fiz esse tour no primeiro dia em Roma e as explicações da guia ajudaram a entender a cidade e o Vaticano melhor - um ótimo início de viagem!

Depois de passar pelo raio-x, as multidões da praça de São Pedro desaparecem rs Dessa portinha pra frente, não podemos mais tirar fotos.

Fazendo o tour, você termina dentro da Basílica e pula a fila enorme para visitá-la. Antes do tour você passa por raio-x como nos aeroportos, mas em outro local - sem enfrentar a multidão. A Luciana dá todas as dicas detalhadamente de como reservar o tour, onde é o início dele etc neste post do blog Roma pra você.

Agora em 2024, outra necrópole no Vaticano foi aberta para visitação, a Necrópole da Via Triumphalis - veja aqui um vídeo em inglês.

Stadio di Domiziano, para conhecer sobre a Piazza Navona

A atual Piazza Navona, uma das mais belas piazzas romanas, segue o desenho de um antigo estádio, cujas ruínas podem ser visitadas - é o Stadio Domiziano! Construído no século I (86 AD) por Domiciano, era utilizado para competições de atletismo, corridas de bigas e outros esportes. O aspecto atual da praça tomou formas no século XVII quando o papa Inocêncio X encomendou uma nova igreja, palácio e fonte na praça onde sua família tinha uma palazzo. A fonte em questão é a Fontana dei Quattro Fiumi, de Bernini, representando 4 grandes rios (Nilo, Prata, Ganges e Danúbio).

Na visita ao antigo estádio, além das ruínas milenares, vemos uma exposição sobre os costumes alimentares romanos, sobre os principais imperadores e principalmente sobre os esportes daquela época. Tem um audioguia bem extenso e se você for ouvir tudo, vai levar 1h, que é o tempo para a visita da parte principal. Depois nos juntamos a um grupo para seguir para a outra parte das escavações (bem menor) do outro lado da praça juntamente com um funcionário da atração.

Segunda parte da visita, do outro lado da praça - somos levados até lá por um funcionário

Galleria Doria Pamphilj

Bem próximo a diversas atrações em Roma, como a Piazza Venezia com o Monumento a Vittorio Emanuele II, a Via del Corso e a Fontana di Trevi, está uma galeria incrível e pouquíssimo visitada, a Galeria Doria Pamphilj, instalada no palazzo de mesmo nome. A coleção reúne obras de artistas como Tintoretto, Ticiano, Rafael Sanzio, Correggio, Caravaggio, Bernini, Velázquez e surgiu com a união de quatro das mais ricas e tradicionais famílias romanas: a famíla Doria, a família Pamphilj (do papa Inocêncio X), a família Landi e a família Aldobrandini.

Além de tantas obras de arte magníficas, o que chama bastante a atenção é a decoração, que lembra o palácio de Versailles na França - tem uma galeria dos espelhos ali! A cada sala que você entra, são dezenas de quadros, esculturas, lustres, móveis, cortinas e etc impressionantes! O pátio interno do palácio é cercado por várias alas que foram sendo construídas e reformadas ao longo dos últimos quatro séculos (a construção era originalmente conhecida como Palazzo Aldobrandini). Não confunda este palácio com o Palazzo Pamphilj (sede da embaixada brasileira em Roma, na Piazza Navona) e nem com a Villa Doria Pamphilj (também na capital italiana).

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Detalhe - essa nem é a galeria de arte instalada em um palácio histórico mais famosa de Roma!

Galleria Borghese

É um museu relativamente pequeno dentro de um extenso parque, Villa Borghese, e a visita só é possível garantindo o ingresso com antecedência, mas vale a pena demais! Abriga meia dúzia de esculturas de Bernini e pinturas de Caravaggio, além de obras de Rafael, Ticiano, Corregio e muitos outros renomados artistas italianos e estrangeiros. Além disso, a própria villa do século XVII onde está instalado (ela pertencia a um antigo colecionador de arte, que recebeu boa parte da coleção de seu tio, o Papa Paulo V) já valeria a pena - várias das salas são deslumbrantes!

Escultura "O Rapto de Perséfone" (ou Proserpina), de Bernini, uma das mais famosas do mundo! É incrível como a mão de Hades marca a pele dela como se fosse esculpida em um material suave e não em mármore!

No meio acima, o David de Bernini em resposta ao de Michelangelo, e Apolo e Dafne, também de Bernini - alguns dos muitos destaques da coleção.

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Igrejas em geral

As igrejas antigas interessantes de se visitar em Roma são em geral construções monumentais e são bem fresquinhas por dentro! Além do aspecto religioso da visita, podem ser visitadas também pela arte que costumam abrigar - a arquitetura da construção em si, pinturas, esculturas, altares, rosáceas, órgãos, museus em seu interior etc. Já publiquei aqui no blog sobre as igrejas mais espetaculares que gostei de visitar em Roma, por exemplo Santa Maria Sopra Minerva, Santa Maria Maggiore, San Paolo fuori le Mura,  Santa Maria della Vittoria, Santa Maria in Cosmedin e outras!

Santa Maria Sopra Minerva

Santa Maria della Vittoria

 Santa Maria in Cosmedin e a Bocca della Verità

Museus em geral

A oferta de museus em Roma é enorme, mas eu infelizmente não consegui encaixar nenhum deles nos meus dias em Roma! Isso porque fiquei quase uma semana na capital italiana! O ar condicionado está sempre funcionando nessas instituições, até mesmo para proteger as obras de arte então acaba ficando mais fresquinho também para os visitantes. Essa dica NÂO é válida para os museus do Vaticano, pois eles ficam cheios DEMAIS o dia todo e diversas salas não têm ventilação adequada.

Boas opções de visita poderiam ser os Museus Capitolinos na Piazza del Campidoglio projetada por Michelangelo. Está dividido entre os Palazzos Nuovo e dei Conservator; a Galeria Nacional de Arte Antiga no Palazzo Barberini ou o Museu Nazionale Romano, dividido em diversas localidades: Palazzo Altemps, Palazzo Massimo, Termas de Diocleciano e Crypta Balbi (fechada para reforma quando visitei a cidade em 2023).

Museus Capitolinos na Piazza del Campidoglio - a escultura da loba que criou Rômulo e Remo original está dentro do museu, mas ali próximo fica uma cópia dela.

Parques e Jardins

As opções mais famosas e próximas à parte turística de Roma são o Gianicolo (para a esquerda de Trastevere, com vista para a cidade), o Pincio/Villa Borghese (onde está a Galleria Borghese acima) - bem pertinho da Piazza del Popolo, e o Giardino degli Aranci (próximo à Basílica de Santa Sabina e do Buco della serratura dell’Ordine di Malta - um buraquinho de onde se tem uma visão perfeita da cúpula da Basílica de São Pedro no Vaticano a quilômetros dali). Além disso, algumas villas também têm jardins incríveis e refrescantes, como a Villa Giulia e Doria Pamphilj (não confundir com a galeria acima).  A Villa Sciarra fica ao sul de Trastevere e o Orto Botanico é interessante, com o Palazzo Corsini e mais de 7 mil espécies de plantas, incluindo variedades exóticas.

Apesar da subida íngreme, chegar na Pincio/Villa Borghese pela Piazza del Popolo pelo menos garante uma das vistas mais famosas de Roma! Esse foi o único parque de Roma onde tive tempo de passar - é o maior espaço verde da cidade, com 688 hectares, aberto ao público desde 1901. Entre 1809 e 1814, o espaço da muralha da cidade foi transformado no jardim em terraços Pincio, com uma casa de chá, esculturas e até um obelisco comissionado por Adriano.

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Fugindo do calor do verão em Roma

As opções acima são locais fechados ideais para fugir do sol e alguns até subterrâneos, que ficam mais geladinhos. Ainda teriam diversas opções como a Cripta dos Capuchinhos e as Catacumbas de São Calixto e outras catacumbas, que acabei não visitando ou a Casa de Nero, como falei acima. Fica melhor ainda se você conseguir organizar o seu roteiro para visitar esses locais no meio do dia quando o calor é maior e deixar locais abertos para visitar logo no começo ou final do dia.

Todo mundo fala para pedir um gelato (em qualquer esquina) ou uma granita (menos fácil de achar em Roma - porque é uma bebida típica mais do sul da Itália), mas sinceramente eu não conseguia me refrescar por mais do que poucos minutos com nada disso porque eram todos doces e me davam mais calor e mais sede ainda! Fora que os sorvetes todos derretem na velocidade da luz e fica aquela meleca!

Europeu em geral não assimila o conceito de “bebida gelada” ou “gelo” no verão (eu até entendo quando se trata do pessoal que mora mais ao norte, mas os que moram em lugares infernais tipo Roma, eu realmente não compreendo a dificuldade de resolver um problema cotidiano deles…) então nem sempre você consegue se refrescar se depender disso…

Era comum ver turistas, principalmente americanos com toalhas molhadas no pescoço (você pode sempre molhar novamente em uma das fontes pela cidade) ou andando com ventiladores de mão, que custavam cerca de 10 euros em camelôs pela cidade (utilizados principalmente por turistas asiáticos).

Onde ficar em Roma (com boa localização)

Ao contrário do que a maioria das pessoas fala por aí, Roma é sim uma cidade gigante e a parte turística é bastante espalhada. Por conta de todas as ruínas e vestígios históricos, é complicadíssimo construir um bom sistema de metrô e o metrô de Roma hoje é irrisório para o tamanho da população e da cidade. Tem muita atração turística que você não chega de metrô e se você se hospedar perto de alguma delas, vai ficar longe de outras, sem dúvida nenhuma. Uma caminhada entre o Vaticano e a estação Termini dá cerca de 1h segundo o Google Maps, para vocês terem uma noção.

Decidir onde ficar em Roma foi uma tarefa dificílima, tanto pela definição da "melhor" localização (próxima a ponto turísticos, restaurantes, movimento noturno para se sentir mais seguro voltando para o hotel e também com fácil acesso ao transporte público) como pelo preço na estratosfera da maior parte das hospedagens. A frota de taxi de Roma tem cerca de 8 mil carros e não está nem perto de ser suficiente, pelo menos no verão. Ficamos 6 dias inteiros e mais chegadas e saídas e só conseguimos pegar táxi na saída do aeroporto, quando pedimos na recepção do hotel, quando saindo de um restaurante no bairro Trastevere perguntamos para o garçom onde ficava o ponto de táxi mais perto ou uma vez por aplicativo. Na maioria das tentativas, aplicativos diversos não encontravam carros disponíveis e muitas vezes tivemos que andar muito mais do queríamos, já cansados no final do dia simplesmente porque era impossível conseguir um táxi.

O pior (em relação a táxis) foi para chegar e sair do Vaticano, então recomendo se hospedar perto de metrô sim, porque pelo menos para lá, dá para ir de metrô. O preço dos táxis fica bem em conta. Uma área onde achamos interessante se hospedar é ao longo da Via Nazionale. Dá para chegar ou sair de táxi e também fica perto da estação de metrô e trem Termini. Como dividimos nossa estadia em Roma em 2 partes, ficamos em hotéis diferentes. Depois da Sicília, chegamos pelo aeroporto e ficamos 4 dias inteiros em Roma no EXE International Palace. Seguimos de trem para Nápoles e Costa Amalfitana. Na volta, chegamos na estação Termini vindo de Salerno e aí ficamos no Floris Hotel por 3 noites antes de voltar para o Brasil.

Vou fazer outro post mais detalhado sobre onde ficar em Roma, mas por enquanto segue a recomendação dos hotéis onde ficamos.

EXE International Palace - bem localizado, café da manhã caro (que não incluímos), prédio bonito, mas quartos antiquados. Tem elevador.

Floris Hotel - boa localização (mais próximo a Termini do que o de cima), café da manhã completo. Mais simples do que o anterior no geral, mas quarto mais moderno. A fachada do prédio e o lobby assustam, mas depois que você chega no andar correto, tudo é bem bonitinho. Tem elevador minúsculo, mas tem.

Veja aqui todas as opções de hospedagem em Roma!

 

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